A prática de yoga tem sido uma das ferramentas mais valiosas no meu processo de desenvolvimento pessoal, não só na descoberta da minha luz como também da minha sombra. É na ignorância que existe o medo, a ansiedade e a dor, por isso, é tão importante este processo de descoberta individual onde podemos encontrar o nosso porto de abrigo dentro de nós mesmos quaisquer que sejam os desafios que a vida nos apresenta.
Para mim, desenvolvimento pessoal significa cultivar, de uma forma consciente, práticas diárias que permitem que uma pessoa expanda os seus atributos e se transforme na melhor versão de si mesma. Este processo ocorre a vários níveis, mas é, na minha opinião, a um nível mais subtil que as transformação profunda acontece.
Sentimo-nos seguros quando nos conhecemos verdadeiramente, isto é, quando sabemos o que a nossa alma precisa para cumprir o seu propósito. Neste ponto, podemos entregar-nos e confiar na teoria de que tudo acontece por uma razão – para nos ajudar a crescer e a evoluir.
Escrava de uma anorexia que me assolava há cerca de um ano, decidi experimentar uma aula de yoga apenas porque o meu défice de peso já não me permitia fazer outro tipo de exercício. Foi num ginásio, com uma aula de cycling a decorrer na sala ao lado, que eu tive a minha primeira experiência espiritual consciente. Depois de umas saudações ao sol, a professora guiou-nos num exercício de visualização cuja imagem ficou gravada na minha mente até hoje – eu sou muito mais do que o meu peso corporal. Nos meses que se seguiram, a necessidade de avaliar a minha forma física ao espelho reduziu gradualmente e a vontade de fechar os olhos e olhar para dentro de mim cresceu cada vez mais.
Esta relação com o yoga não foi sempre harmoniosa: durante uma grande parte da minha vida, o entusiasmo que eu sentia antes das aulas desaparecia no momento em que eu chegava ao tapete. Treze anos depois da minha primeira aula de yoga, a Sofia convidou-me a trazer o meu maior desafio de vida para o tapete. Tive vontade de me eclipsar. Percebi que os asanas (posturas de yoga) são a vida desconstruída no tapete e que contornar os desafios é negar quem eu sou. Confesso que as três aulas que se seguiram foram bastante forçadas, mas na quarta aula dei por mim a abraçar carinhosamente esse desafio durante toda a prática. Tem sido um processo doloroso, mas libertador.
O yoga não é um escape, mas sim uma ferramenta de evolução. Demorei algum tempo a perceber, mas é assim que agora aplico esta filosofia ancestral na minha vida.
O confinamento derivado da pandemia obrigou-me a olhar para muitas sombras internas que eu preferia manter guardadas numa caixa e, por isso, desde que esta quarentena começou que perdi a vontade de meditar e praticar yoga.
Este artigo começou por ser um registo no meu diário pessoal. Tinha a intenção de me relembrar a mim mesma a importância da conexão entre o corpo e a alma. A experiência de vida humana ganha muita clareza quando nos abrimos a esta união diariamente.
Porque sei que não estou sozinha neste desafio interno, decidi partilhar com todos os que me acompanham por aqui. Que vos traga muita inspiração e a certeza de que somos um.
Um abraço apertado com muito amor,
Mafalda
A informação apresentada é meramente informativa, de índole genérica, não contendo uma análise exaustiva de todos os aspetos dos temas analisados, pelo que não substitui aconselhamento especializado.
Subscreve a minha friendsletter (gratuita)!